Sobre a intolerância na Internet
08
- setembro
2020
Posted By : Capasso Advocacia
Sobre a intolerância na Internet

Pais, responsáveis e professores devem advertir as crianças e os jovens sobre a existência de conteúdos que incitam a violência e a intolerância até mesmo na Internet. Segundo estatísticas especializadas (*), o número de sites que divulgam ódio e terrorismo só vêm aumentando com o passar dos anos.

Auxiliados pelos adultos, crianças e adolescentes devem poder refletir e compreender o equívoco dessas ideias, percebendo que não vale a pena acessar tais sites e muito menos divulgá-los ou participar de comunidades relacionadas. Nesse sentido, educá-los para a paz e a tolerância é uma estratégia fundamental.

O QUE É INTOLERÂNCIA?

A intolerância pode ser definida “como uma atitude de ódio sistemático e de agressividade irracional com relação a indivíduos e grupos es pecíficos, à sua maneira de ser, a seu estilo de vida e às suas crenças e convicções” (Rouanet, 2003). Essa atitude genérica se manifesta por meio da violência, da discriminação e do preconceito de caráter religioso, nacional, racial, sexual, étnico e outros.

QUAIS OS PRINCIPAIS TIPOS DE INTOLERÂNCIA?

Veja abaixo os tipos de intolerância mais comuns que podem ser encontrados na Internet:

Intolerância religiosa – É todo conteúdo (texto, imagem ou som) que divulgue idéias para promover o ódio, a discriminação ou violência contra qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos, baseado na sua crença religiosa ou espiritual. No mundo atual infelizmente ainda vemos inúmeros exemplos deste tipo de intolerância, como no caso dos fundamentalismos religiosos.

Racismo – É todo conteúdo (texto, imagem ou som) que divulgue idéias para promover o ódio, a discriminação ou violência contra qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos, baseado na sua raça, cor, descendência ou origem étnica.

Xenofobia – É todo conteúdo (texto, imagem ou som) que divulgue idéias para promover o ódio, a discriminação ou violência contra qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos, baseado na sua nacionalidade, descendência ou origem étnica. Em suma, significa ódio a pessoas e coisas estrangeiras ou simplesmente diferentes.

Neonazismo – Publicação de qualquer natureza, utilizando-se da internet, para distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo que é, como se sabe, uma ideologia com forte cunho racista e xenófobo.

Homofobia – É todo conteúdo (texto, imagem ou som) que divulgue ideias para promover o ódio, a discriminação ou violência contra qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos, baseado na sua orientação sexual. É o conhecido preconceito e violência contra gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e transgêneros.

QUAL O AMPARO LEGAL CONTRA A INTOLERÂNCIA NO BRASIL?

Todas as formas de intolerância são contrárias aos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, tal como previstos no Art. 3º, IV da Constituição Federal: “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Além disso, a Lei ordinária nº 7.716/1989 define como crimes passíveis de punição o racismo, a xenofobia, a intolerância religiosa e o neonazismo. Atualmente encontra-se em tramitação no Congresso Nacional o Projeto de Lei que criminaliza também a homofobia.

ATENÇÃO TAMBÉM AO CYBERBULLYING

O cyberbullying é o uso da Internet, entre crianças e adolescentes, para praticar atos repetidos de humilhação, ameaças ou intimidação. Trata-se da versão virtual do “bullying”, ato que envolve violência física ou psicólogica, realizada de forma repetida entre crianças e jovens, principalmente no ambiente escolar. Exemplos de cyberbullying são o uso de redes de relacionamento (como o Orkut) para trocar xingamentos, e também a publicação de fotos e vídeos (em sites como o YouTube) com objetivo de provocar vexame em determinadas pessoas.

Obs. O Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude está preparando uma campanha específica contra a violência nas escolas, incluindo o bullying e o cyberbullying, que será lançada em breve neste portal.

COMO EVITAR A INFLUÊNCIA DA VIOLÊNCIA E DA INTOLERÂNCIA SOBRE OS  JOVENS? EDUCAR PARA A PAZ E A TOLERÂNCIA!

A melhor forma de prevenir a influência da intolerância e suas manifestações (a violência, a discriminação e o preconceito) entre crianças e adolescente é esclarecê-los sobre os efeitos nocivos dessas formas de pensar e agir, e, principalmente, educá-los para uma atitude de paz e tolerância.

Todos almejamos uma convivência harmoniosa e pacífica entre pessoas, grupos, povos e nações de todo o mundo. Para que isto aconteça a tolerância é um requisito fundamental. Ser tolerante significa, resumidamente, aceitar as diferenças entre as pessoas, sejam quais forem: de pensamento, valores, culturas, cor, raça, etnia, nacionalidade, religião, orientação sexual, etc.

Tolerar não é ser passivo e aceitar tudo que acontece, é procurar aceitar as diferenças entre as pessoas sem abrir mão de sua própria individualidade e diferença. É, por exemplo, entender e aceitar que os outros têm direito de pensar e agir de maneira diferente que nós. É perceber que a humanidade é feita de inúmeras diferenças e compreender que todos têm os mesmos direitos a viver com dignidade. Trata-se de uma atitude de cooperação, reciprocidade e respeito mútuo, necessária a uma Educação para a Paz, para a Democracia e p ara o respeito aos Direitos Humanos.

E lembre-se: a melhor forma de ensinar a tolerância aos jovens é entendê-la e aplicá-la você mesmo em sua vida pessoal e profissional. Crianças e adolescentes são extremamente sensíveis aos “exemplos” que seus pais e professores constituem. Assim, de nada adianta pregar a paz e a aceitação “da boca para fora”, enquanto suas atitudes mostrarem o contrário mesmo nas pequenas situações do dia-a-dia (como fazer piadas sobre mulheres, negros e gays, ou até humilhar os torcedores do time de futebol adversário). Compreender e aceitar as diferenças humanas é um grande e benéfico exercício para cada um de nós.

NOTAS E REFERÊNCIAS

(*) Estatísticas divulgadas pela ONG Simon Wiesenthal Center, dedicada à luta pelos direitos humanos e reconhecida pela ONU e UNESCO, em seu relatório “Online Terror + Hate: The First Decade”, publicado em 2008.

Portal SAFERNET Brasil

ROUANET, Sergio Paulo. O Eros das diferenças. Revista Espaço Acadêmico, ano II, nº 22, março de 2003. [online] [Acesso em 25/02/2009].

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